sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Capitulo 5 – Parte 14

Como Gina já esperava, elas foram acompanhadas por dois guardas e um motorista quando deixaram o hotel. Sentia-se extasiada por sua primeira vitória. Passara pela recepção e pedira seu passaporte, no qual Vanessa fora incluída, como criança. Os guardas estavam conversando, aparentemente pensando que ela indagava por algum serviço trivial. Não notaram quando o recepcionista voltou do escritório, no outro lado do balcão, e lhe entregou o documento encadernado em couro. Gina podia ter chorado de alegria ... e pelo primeiro ímpeto de orgulho que experimentava em anos. Mas disciplinara-se a não deixar transparecer qualquer coisa. Agora, não tinha nenhum plano definido, apenas uma determinação profunda e nervosa. A seu lado, na limusine, Vanessa não ficara quieta de tanto excitamento. Estavam mesmo em Paris, com horas de folga antes da volta ao hotel. Ela queria subir na Torre Eiffel, sentar-se num café, andar e andar e andar, ouvir a música da cidade, que apenas imaginara.

- Vamos fazer umas compras. - Gina tinha a boca tão seca que teve de fazer um esforço para desgrudar a língua do palato. ­Podemos ir à Chanel, Dior. Espere só até ver todas as lindas roupas, Nessa. As cores, os tecidos. Mas você terá de ficar bem perto de mim. Não quero perdê-la. Não se afaste. Prometa.

- Prometo.

Vanessa sentiu que seu próprio nervosismo começava a aumentar. Às vezes, quando a mãe falava assim - muito depressa, com as palavras juntas, quase se atropelando -, costumava cair em depressão logo em seguida. Ficava muito quieta, distante, fechada em si mesma, indiferente às outras pessoas, num estado que sempre deixava Vanessa apavorada. Apreensiva com o que tinha certeza de que estava prestes a acontecer, Vanessa não parava de falar, sempre grudada na mãe, enquanto visitavam as lojas mais exclusivas da Europa.

Era como outro sonho, diferente da visão de Paris ao crepúsculo. Os salões brilhavam, com mesas douradas e cadeiras de veludo. Em cada uma, foram tratadas com uma deferência que Vanessa nunca recebera em seu próprio país. Era cortejada por mulheres de rosto maquilado, serviam limonada ou chá, ofereciam biscoitos, enquanto modelos de aparência frágil deslizavam de um lado para outro, mostrando a última moda.

Gina encomendou, despreocupada, dezenas de vestidos de coquetel, com alças mínimas e camadas de contas, tailleurs de seda e linho. Se o plano desse certo, não usaria um único daqueles vestidos que comprava de uma maneira tão negligente. Parecia-lhe uma espécie de justiça, a menor e mais doce das vinganças. Ela foi de salão em salão, acompanhada de guardas silenciosos carregando caixas e bolsas.

- Visitaremos o Louvre antes do almoço - disse ela a Vanessa, ao se acomodarem de novo na limusine.

Gina olhou para o relógio. Recostou-se e fechou os olhos.

- Podemos comer num café?

- Veremos. - Ela pegou a mão de Vanessa. - Quero que você seja feliz, querida. Feliz e segura. Isso é tudo que importa.

- Gosto de estar aqui com você. - Apesar de todos os biscoitos, chá e limonada nas casas de haute couture, ela estava faminta, mas não queria dizê-lo. - Há muita coisa para ver. Quando você falava sobre lugares assim, pensei que inventava histórias. É melhor do que uma história.

Gina abriu os olhos para olhar pela janela. Seguiam ao longo do rio, na cidade mais romântica do mundo. Ela baixou o vidro e respirou fundo.

- Pode sentir o cheiro. Nessa? 

Com uma risada, Vanessa inclinou o rosto para a janela, como um cachorrinho, para deixar a brisa envolver seu rosto. 

- Da água?

- Da liberdade - murmurou Gina. - Quero que se lem­bre desse momento.

Quando o carro parou, Gina desembarcou devagar, imponente, sem oferecer um único olhar aos guardas. Com a mão de Vanessa na sua, ela entrou no Louvre.

 Havia uma multidão ali ... estudantes, turistas, namorados. Vanessa achou as pessoas tão fascinantes quanto as obras de arte que sua mãe mostrava, enquanto passavam pelas galerias. As vozes ressoavam nos tetos altos, uma ampla variedade de tons e sotaques. Ela viu um homem com os cabelos tão compridos quanto os de uma mulher, usando um jeans rasgado no joelho e carregando uma mochila velha. Quando percebeu que Vanessa o observava, ele sorriu e piscou, depois levantou dois dedos em V. Embaraçada, Vanessa baixou os olhos para seus sapatos. 

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Legal, tem alguém lendo? :)


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Capitulo 5 – Parte 13

Mademoiselle Grandeau não estava ali para falar sobre política. Os leitores queriam saber se Gina Hudgens ainda era linda. Se seu casamento ainda era romântico. Ela cortou o crepe e sorriu para Vanessa. A menina era impressionante, com os olhos pretos e ardentes do rei, mas com os lábios cheios e impecáveis de Gina. Embora a cor da pele indicasse os ancestrais beduínos, ela tinha a estampa da mãe. As feições eram menores e mais delicadas do que a mulher que fora outrora chamada de "rainha das amazonas" do cinema. A pureza da estrutura óssea, o perfil espetacular, a vulnerabilidade dos olhos penetrantes também se encontravam na filha.

- Princesa Vanessa, o que acha de saber que sua mãe foi considerada a mulher mais linda do cinema?

Ela ficou atordoada. O olhar breve e duro do pai fez com que se empertigasse.

- Sinto muito orgulho. Minha mãe é mesmo a mulher mais bonita do mundo.-
Mademoiselle Grandeau riu. Comeu outro pedaço de crepe.

- Seria difícil encontrar alguém que discordasse de você. Talvez um dia possa seguir os passos de sua mãe em Hollywood. Há alguma possibilidade de fazer outro filme, alteza?

Gina tomou mais café, torcendo para que permanecesse no estômago.

- Minha prioridade é a família. - Ela tocou na mão de Vanessa, por baixo da mesa. - Claro que fiquei encantada por ser convidada a vir a Paris, pela oportunidade de rever velhos amigos. Mas a opção que eu fiz, como você disse, foi por amor. 

Por cima da mesa, seus olhos se encontraram com os de Abdu Greg. 
E não se desviaram.

- Quando há amor, pouco existe que uma mulher não faça.

- A perda de Hollywood é o ganho óbvio de Jaquir. Há muita especulação, todos querendo saber se vai usar O Sol e a Lua esta noite. O colar é considerado um dos maiores tesouros do mundo. E como todas as grandes jóias do mundo, O Sol e a Lua é um colar envolto por lendas, mistério e romance. As pessoas estão ansiosas para ver esse fabuloso colar. Vai usá-lo? 

- O Sol e a Lua foi um presente de meu marido em nosso casamento. Em Jaquir, é considerado o preço da noiva, uma espécie de dote ao contrário. Perde apenas para Vanessa, o presente mais precioso que Abdu Greg já me deu. - Ela tornou a fitá-lo, com uma insinuação de desafio. - Sinto orgulho em usar o colar.

- Não haverá uma mulher no mundo que não a inveje esta noite, alteza.
Ainda segurando a mão da filha, Gina sorriu.

- Só posso dizer que aguardo ansiosa por esta noite, mais do que qualquer outra em anos. Será gloriosa. - Seus olhos tornaram a se encontrar com os de Abdu Greg. - lnshallah. 

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Blog da Raissa, história muito boa. Ela esteve algum tempo longe do blog, mas agora ela está de volta, então vamos dar uma passadinha lá? (:

domingo, 23 de janeiro de 2011

Capitulo 5 – Parte 12

- O prazer é nosso, Mademoiselle Grandeau.

Abdu Greg fez um sinal para o café. Um criado apressou-se em obedecer.

- Espero que aprecie sua estada em Paris.

- Sempre aprecio Paris.

Abdu Greg sorriu de uma maneira que Vanessa nunca vira. Depois, seus olhos passaram por ela como se a cadeira estivesse vazia, enquanto ele acrescentava:

- Minha esposa e eu estamos ansiosos para participar do baile esta noite.

- A sociedade parisiense também espera ansiosa para cumprimentá-lo e à sua linda esposa. - Mademoiselle Grandeau virou-se para Gina. - Seus fãs estão emocionados, alteza. Acharam que os abandonou por amor.

O café queimou amargo na garganta de Gina quando ela sorriu. Seria capaz de trocar todas suas jóias por uma dose de uísque.

- Quem já esteve apaixonado pode compreender que nenhum sacrifício e nenhum risco são grandes demais.

- Posso perguntar se tem algum arrependimento por renunciar à sua vitoriosa carreira no cinema?

Gina olhou para Vanessa e seus olhos se tornaram mais suaves.

- Como posso me arrepender quando tenho tudo?

- É como um conto de fadas, não é mesmo? A linda mulher levada pelo xeique do deserto para uma terra misteriosa e exótica ...

Uma terra que se torna cada dia mais rica por causa do petróleo. - ­Mademoiselle Grandeau tornou a olhar para Abdu Greg. - O que acha da crescente presença dos ocidentais em seu país?

- Jaquir é um pequeno país que acolhe com satisfação os avanços que o petróleo proporciona. Mas, como rei, tenho a responsabilidade de preservar nossa cultura, ao mesmo tempo em que abro as portas para o progresso.

- Obviamente, sente atração pelo Ocidente, porque se apaixonou e casou com uma americana. Mas é verdade, alteza, que tem outra esposa?

Abdu Greg levantou um copo de cristal com suco de fruta. A expressão era afável, um pouco divertida, mas os dedos apertavam o copo com força. 

Desdenhava ao ser interrogado por uma mulher.

- Em minha religião, um homem tem permissão para tomar quatro esposas, desde que possa tratar cada uma igualmente.

- Com o movimento feminista tornando-se mais forte nos Es­tados Unidos e na Europa, acha que esse choque de culturas causará problemas para os países que vão realizar obras no Oriente Médio?

- Somos diferentes, mademoiselle, na maneira de vestir, nas convicções. As pessoas em Jaquir ficariam igualmente chocadas pelo fato de que, em seu país, uma mulher pode ter intimidades com um homem antes do casamento. 

Mas essas diferenças não vão prejudicar o interesse financeiro dos dois lados.

-Concordo. 

Capitulo 5 – Parte 11

- Já foi marcada uma entrevista. Faremos o desjejum aqui, às nove horas, com a repórter. Você vai se vestir de acordo e providenciar para que ela esteja preparada.

Gina olhou para Vanessa.

- Claro. Depois da entrevista, eu gostaria de fazer compras, talvez levar Vanessa a um museu.

- Pode fazer o que desejar entre dez da manhã e quatro horas da tarde. Depois, quero você comigo.

- Obrigada. Somos gratas pela oportunidade de visitar Paris.


- Cuide para que a menina controle a língua, ou ela só verá Paris através daquela janela.


Depois que ele se retirou, Gina deixou que as pernas trêmulas dobrassem um pouco.


- Por favor, Nessa, não o irrite.


- Só preciso existir para irritá-lo.


Quando viu as primeiras lágrimas, Gina abriu os braços.


- Você é muito pequena - murmurou ela, enquanto embalava Vanessa em seu 
colo. - Pequena demais para tudo isso. Mas prometo que a compensarei.


Por cima da cabeça da filha, os olhos focalizados e decididos, Gina acrescentou:


- Juro que a compensarei por tudo.


Vanessa nunca fizera uma refeição com o pai. Porque tinha a flexibilidade de uma menina de oito anos, ela descobriu que era fácil esquecer as palavras ditas na noite anterior e aguardar ansiosa para seu primeiro dia em Paris.


Se ficou desapontada porque fariam a refeição na suíte, não disse nada. 


Gostara demais de seu vestido azul novo, com um casaco combinando, para se queixar de qualquer coisa. Dentro de uma hora, começaria de verdade sua semana em Paris.


- Não tenho palavras para dizer o quanto me sinto grata pela entrevista, alteza.


A repórter, já encantada com Abdu Greg, sentou-se à mesa. Vanessa manteve as mãos cruzadas no colo, fazendo um esforço para não fitá-la fixamente. A jovem tinha cabelos muito compridos, da cor de pêssegos maduros. As unhas eram pintadas de vermelho, assim como a boca. O vestido era justo, da mesma tonalidade. A saia subiu-lhe pelas coxas quando cruzou as pernas. 


Falava inglês com um suave sotaque francês. Para Vanessa, ela era tão exótica quanto uma ave da selva e igualmente fascinante. 



Selo de Qualidade !

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Selo de Qualidade *O*


Recebemos alguns selos de qualidade aeaeae *O*
Valew Tiz, GHudgens e Myah.


Os 10 blogs:


1 - Um amor pra toda vida: http://zanessa-pratodavida.blogspot.com/


2 - A Rosa do Deserto: http://zanessa-deserto.blogspot.com/


3 - Juntos por uma Missão: http://zanessa-love-eternal.blogspot.com/


4 - Zanessa Love History Romantic: http://zanessalovehistoryforever.blogspot.com/


5- Douce Imagination: http://douceimagination.blogspot.com/


6- Apaixonados Novamente: http://euvouser-vanessahudgens.blogspot.com/


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9- Smark: http://smark-historias.webnode.com.br/


10- O Noivo: http://cristy-zanessa-paixoimpossivel.blogspot.com/


Esses blogs q coloquei ai, ando em falta com eles, desculpem meninas, mas logo logo tentarei me atualizar.




10 coisas sobre mim:


1- Tenho 2 irmãos (idai?)


2- Sou frágil, tipo assim, choro por qualquer coisa.


3- Muitas vezes tento ser durona, por causa disso.


4- Me consideram engraçada. 


5- Faço aniversário dia 28 de Maio.  


6- Gosto de esportes, mas tenho preguiça de praticar. 


7- Eu amooo chocolate. 


8- Falo muuuito.


9- Amo Zanessa.


10- Odeio q tentem me controlar.


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Quem recebeu deve:
1°- indicar 10 blogs!
2°- avisar os donos dos blogs que você indicou!
3°- falar 10 coisas sobre você!



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AAAAAH, e ai quem viu a entrevista que o Zac deu? já faz alguns dias.
Deus estou surtando até hj, achei tão lindo  "UM BEIJO MENINAS" *OOO*
Ele fica tao fofo falando em portugues *---*

sábado, 15 de janeiro de 2011

Capitulo 5 – Parte 10

Como se seus pensamentos o conjurassem, Abdu Greg passou pela porta, entrando na suíte. Vanessa virou-se. Era pequena para sua idade, tão delicada quanto uma boneca. Já havia insinuações da beleza morena e sedutora de seu sangue beduíno. Abdu Greg viu apenas uma garota magricela, de olhos grandes e queixo erguido numa atitude obstinada. Como sempre, seus olhos se tornaram gelados ao contemplá-la.

- Onde está sua mãe?

- Está ali.

Quando o pai se encaminhou para o quarto, Vanessa deu um passo rápido à frente.

- Podemos sair esta noite?

Abdu Greg lançou-lhe apenas um olhar rápido e desinteressado.

- Vocês ficarão aqui.

Porque era jovem, Vanessa insistiu, quando outras teriam recuado.

- Não é muito tarde. O sol acabou de se pôr. Vovó disse que havia muito para fazer em Paris à noite.

Ele parou de repente. Era raro que a filha tivesse coragem de lhe falar, mais raro ainda que ele se desse ao trabalho de escutar.

- Você permanecerá no hotel. Só está aqui porque eu permiti.

- E por que permitiu?

A temeridade da filha ao fazer a pergunta fez com que Abdu Greg contraísse os olhos.

- Minhas razões não são da sua conta. E devo adverti-la de que, se me lembrar de sua presença com muita freqüência, tratarei de me livrar de você.

Os olhos de Vanessa faiscavam com uma mistura de pesar e raiva que ela não podia compreender.

- Sou o sangue de seu sangue - murmurou ela. - Que motivo tem para me odiar?

- Você é sangue do sangue dela.

Abdu Greg virou-se para abrir a porta. Gina apressou-se em sair.

Tinha o rosto corado, os olhos arregalados, como uma corça quando fareja o caçador.

- Queria me ver, Abdu Greg? Eu precisava ir ao banheiro, depois da viagem.

Ele percebeu-lhe o nervosismo. Sentiu o cheiro do medo. Isso o agradou por ela não se considerava segura nem mesmo fora das paredes do harém. 

Capitulo 5 – Parte 9

- Nessa, querida, você deve ser paciente.

Como a filha, Gina foi atraída para a janela. Contemplou as luzes, a vida nas ruas. Seu anseio era ainda mais forte porque outrora fora livre.

- Amanhã ... amanhã será o dia mais emocionante de sua vida. - Ela abraçou e beijou a filha. - Confia em mim, não é?

- Claro que confio, mamãe.

- Vou fazer o que é melhor para você. Juro. - Gina apertou a menina. Abruptamente, soltou-a e riu. - Agora, fique apreciando a vista. Voltarei num instante.

-Aonde vai?

- Apenas até o quarto ao lado. - Ela sorriu, para tranqüilizar as duas. - Olhe pela janela, meu bem. Paris é linda a essa hora.

Gina fechou a porta entre a sala e o quarto. Era arriscado usar o telefone.

Passara dias tentando encontrar uma maneira melhor e mais segura. Embora precisasse de alívio, não tomava um tranqüilizante ou uma bebida desde que Abdu Greg anunciara a viagem. Tinha a mente lúcida, como não acontecia há anos. Tão lúcida que até doía. Mesmo assim, não fora capaz de imaginar outro meio que não o telefone. Sua única esperança era a de que Abdu Greg não esperasse a traição de uma mulher que tolerara seus abusos por tanto tempo.

Ela pegou o fone. Parecia estranho em sua mão, como uma coisa de outro século. Quase riu. Era uma mulher adulta, vivendo no século XXI, mas que há quase dez anos não tocava num telefone. Os dedos tremiam quando ligou. Foi atendida por uma voz falando num francês rápido.

- Você fala inglês?
                            
- Falo, madame. Em que posso ajudá-la?

Havia um Deus, pensou Gina, enquanto se sentava na beira da cama.

- Quero mandar um telegrama. Urgente. Para os Estados Unidos. Nova York.

Vanessa continuava na janela, as mãos comprimidas contra o vidro, como se pudesse dissolvê-lo pela força da vontade e se tornar parte do mundo que passava apressado lá fora. Havia alguma coisa errada com sua mãe. Seu medo mais profundo era o de que Gina estivesse doente, o que faria com que as duas fossem mandadas de volta para Jaquir. Sabia que, se partissem agora, nunca mais veria um lugar como Paris. Não veria mulheres com as pernas à mostra e os rostos pintados, nem os edifícios com centenas de luzes. 

Imaginou que o pai ficaria contente por ela ter visto, mas não tocado, ter sentido o cheiro, mas não saboreado. Seria outra maneira de puni-la, por ser mulher e de ter sangue misto.

Capitulo 5 – Parte 8

O sol se punha quando deixaram o terminal. Vanessa esperou para ouvir o chamado para a oração, mas não houve nada. Também havia confusão ali, mas era mais rápida e um pouco mais organizada do que a confusão no aeroporto de Jaquir. As pessoas espremiam-se em táxis, homens e mulheres juntos, sem inibição, sem segredo. Gina teve de puxá-la para a limusine, enquanto ela se empenhava em descobrir mais coisas.

Ver Paris pela primeira vez ao pôr-do-sol... Sempre que Vanessa pensasse de novo na cidade, haveria de se lembrar da magia daquele primeiro momento, quando a luz pairava entre o dia e a noite. Os prédios antigos projetavam-se, fascinantes, de certa forma femininos, com um brilho rosa, dourado e branco suave ao sol poente. O carro enorme desceu rápido pelo bulevar, para o coração da cidade. Mas não foi a velocidade que deixou Vanessa atordoada e sem fôlego.

Ela imaginou que devia haver música. Num lugar assim, não podia deixar de haver música. Mas não se arriscou a pedir permissão para baixar a janela. Em vez disso, deixou que a música tocasse em sua cabeça, grandiosa, gloriosa, enquanto seguiam ao longo do Sena.

Havia casais andando por ali, de mãos dadas, os cabelos e as saias curtas das mulheres à brisa que recendia a água e flores. Que recendia a Paris. Ela viu cafés em que as pessoas se agrupavam em torno de mesinhas redondas, bebendo de copos que faiscavam vermelhos e dourados, como a luz do sol.

Se fosse informada que o avião os levara a outro planeta e a outra época, Vanessa teria acreditado. Quando o carro parou no hotel, Vanessa esperou que o pai saltasse, antes de perguntar à mãe:

- Podemos ver mais?

- Amanhã. - Gina apertou a mão da filha com tanta força que ela estremeceu. - Amanhã.

A menina teve de fazer um esforço para não tremer no ar fragrante do anoitecer. O hotel parecia um palácio, e ela estava cansa­da de palácios.

Com a comitiva de criadas, seguranças e secretários, eles ocuparam um andar inteiro no Crillon. Para desapontamento de Vanessa, ela e a mãe foram levadas para sua suíte e deixadas sozinhas.

- Podemos sair para jantar no lugar chamado Maxim's?

- Não esta noite, querida.

Gina espiou pelo olho mágico. Já havia um guarda postado no lado de fora da porta. Seria como um harém, mesmo em Paris. O rosto estava pálido quando se virou, mas sorriu e fez um esforço para manter a voz jovial.

- Teremos de pedir alguma coisa para comer aqui. O que você quiser.

- Estar aqui não é muito diferente de Jaquir.

Vanessa correu os olhos pela elegante suíte. Como os aposentos das mulheres, era luxuosa e isolada. Ao contrário do harém, no entanto, havia janelas abertas para a noite. Ela atravessou a sala e contemplou Paris. As luzes faiscavam, proporcionando à cidade uma aparência festiva, de conto de fadas. Estava em Paris, mas não tinha permissão para participar da vida na cidade. Era como se tivesse recebido a jóia mais gloriosa do mundo e só pudesse admi­rá-la por uns poucos momentos, antes de lhe ser arrebatada e trancada de novo no cofre. 

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desculpem pela demora.