- Gostei muito quando ela falou sobre você. - Vanessa também lembrava que a mãe chorara muito depois que a repórter fora embora.
- Ela voltará?
- Talvez algum dia.
Mas Gina sabia que as pessoas esqueciam. Havia novos rostos, novos nomes em Hollywood. Até mesmo ela conhecia uns poucos, pois Abdu Greg permitia que alguns cartas lhe fossem entregues. Faye Dunaway, Jane Fonda, Ann-Margret. Atrizes jovens e lindas, deixando sua marca, ocupando o lugar que outrora lhe pertencera.
Ela tocou no próprio rosto, sabendo que agora havia canto dos olhos. Um rosto que outrora aparecera na capa de todas as revistas. As mulheres pintavam os cabelos para ficarem iguais aos seus. Fora comparada a Monroe, Gardner, Loren. Depois, não fora mais comparada a ninguém; iniciara um padrão.
- Houve uma ocasião em que quase ganhei um Oscar. É o maior prêmio para uma atriz. Não ganhei, mas mesmo assim houve uma festa maravilhosa. Todos riam, conversavam, faziam planos. Era muito diferente de Nebraska, o lugar em que eu morava na idade que você tem agora, querida.
- Havia neve lá?
- Havia. - Gina sorriu e estendeu os braços. - E muita neve. Eu morava com meus avós, porque meu pai e minha mãe haviam morrido. Era muito feliz, mas nem sempre soube disso. Queria ser atriz, usar roupas lindas e ter muitas pessoas me amando.
- Devia se sentir solitária.
- Não, não me sentia. Tinha amigos, pessoas com conversar. E viajei para lugares que nunca imaginei que conheceria ... Paris, Nova York, Londres ... Conheci seu pai em Londres.
- Onde fica Londres?
- Inglaterra, Europa. Está esquecendo as lições.
- Não gosto de lições. Gosto de histórias. – Mas Vanessa pensou um pouco, porque sabia que as lições e para a mãe, outro segredo entre as duas. - Uma rainha mora em Londres, com um marido que é apenas um príncipe.
Vanessa esperou, certa de que a mãe a corrigiria desta vez. Era uma idéia absurda: uma mulher reinando sobre um país. Mas Gina limitou-se a sorrir e acenar com a cabeça em confirmação.
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