Gina passou a tomar uma pílula a cada manhã. Escapava agora para seus sonhos durante todo o tempo, dormindo ou acordada.
No harém, com a cabeça aninhada em conforto no colo da mãe, os olhos contraídos contra a fumaça do incenso, Vanessa observava as primas dançarem. A tarde longa e quente estendia-se pela frente. Pensara em sair para fazer compras, talvez adquirir uma seda nova ou uma pulseira de ouro, como a que Duja Ashley lhe mostrara no dia anterior. Mas a mãe parecia apática demais pela manhã.
Fariam compras no dia seguinte. Hoje, os ventiladores agitavam o ar impregnado de incenso, enquanto os tambores ressoavam num ritmo lento. Latifa levara para o harém, às escondidas, um catálogo da Frederick's, de Hollywood. As mulheres examinavam as ofertas e riam. Como sempre, a conversa era sobre sexo. Vanessa estava bastante acostumada às palavras francas e descrições excitadas para se sentir interessada. Gostava de observar a dança, os movimentos longos e sinuosos, o fluxo dos cabelos escuros, as voltas dos corpos.
- É de admirar que eles cresçam para abusar de nós - murmurou Gina.
- O que disse, mamãe?
- Não foi nada.
Distraída, ela acariciou os cabelos da filha. A batida dos tambores vibrava em sua cabeça, monótona, inexorável, como os dias passados no harém.
- Na América, todos os bebês são amados, meninos e meninas. E não se espera que as mulheres passem a vida tendo filhos.
- Como uma tribo permanece forte?
Gina suspirou. Havia dias em que não pensava mais com clareza. Tinha de culpar as pílulas por isso ... e também agradecer. O último suprimento lhe custara um anel de esmeralda, mas ganhara como bonificação uma garrafa de meio litro de vodca russa. Consumia da maneira mais comedida, tomando apenas um copo pequeno depois de cada vez que Abdu Greg aparecia em seu quarto.
Não lutava mais contra ele, não se importava mais; suportava ao pensar no conforto que sentiria ao tomar a vodca assim que ele se retirasse.
Podia ir embora. Se ao menos tivesse coragem, podia pegar Vanessa e fugir, de volta ao mundo real, onde as mulheres não eram obrigadas a cobrir o corpo em vergonha e se submeter aos caprichos mais cruéis dos homens. Podia voltar para os Estados Unidos, onde era amada, onde as pessoas lotavam os cinemas para assisti-la. Ainda podia representar. Não era o que fazia todos os dias? Nos Estados Unidos, poderia proporcionar uma boa vida a Vanessa.
Um comentário:
Nem preciso dizer que esta lindo, cada parte que você posta, só me deixa mais anciosa para o encontro de Zanessa .. *-*
Então posta rapido amiga, não demora.
Beiiijos ;**
Postar um comentário