O medo tornou-se mais intenso. Ela olhou ao redor. Estavam a sós no jardim, mas as vozes se projetavam para longe, e sempre havia ouvidos para escutá-las.
- Não deve dizer isso, querida. Não deve nem pensar. Não pode compreender o que há entre mim e Abdu Greg, Nessa. Nem deve.
- Ele bate em você. - Vanessa recuou. Tinha os olhos secos agora, parecendo subitamente envelhecidos. - Por isso, eu o odeio. Ele olha para mim e não me vê. Por isso o odeio também.
- Não diga isso ...
Sem saber o que mais fazer, Gina tornou a puxar a filha para seus braços e balançou-a.
Vanessa não disse mais nada. Nunca tivera a intenção de deixar a mãe transtornada. Até as palavras saírem, nem mesmo tinha noção de que as guardava no coração. Agora que as expressara, tinha de aceitá-las. O ódio já se enraizara antes mesmo da noite em que vira o pai abusar da mãe. Crescera desde então, alimentado pela negligência e desinteresse de Abdu Greg, os insultos sutis que a distinguiam das outras crianças.
Ela odiava, mas o ódio a envergonhava. Uma criança devia reverenciar os pais. Por isso, ela não falou mais a respeito.
Ao longo das semanas subseqüentes, Vanessa passou mais tempo do que nunca com a mãe, passeando pelo jardim, ouvindo as histórias de outros mundos. Continuavam a parecer irreais para ela, mas as apreciava, da mesma maneira como gostava das histórias de piratas e dragões da avó.
Quando Meri deu à luz uma menina e foi punida com um divórcio sumário, Vanessa ficou contente.
- Estou feliz porque ela foi embora.
Vanessa jogava uma partida de três-marias com Duja Ashley. O brinquedo fora permitido no harém depois de muito debate e discussão.
- Para onde vão mandá-la?
Embora Duja Ashley fosse mais velha, era um fato aceito que Vanessa tinha mais habilidade para obter informações.
- Ela terá uma casa na cidade. Pequena.
Vanessa riu e pegou as três pedras com dedos ágeis. Poderia ter compaixão pelo destino de Meri, mas a ex-esposa do rei tudo fizera para ser detestada pelas outras mulheres.
- Fico contente porque ela não vai mais viver aqui. – Duja Ashley jogou os cabelos para trás, enquanto esperava sua vez. - Agora não teremos mais de ouvi-la se gabar da freqüência com que o rei a visitava e de quantas maneiras ele plantava sua semente.
2 comentários:
Tipo, eu antes não gostava muito do meu nome... Mas agora já porque me habituei e muita gente me diz que é bonito(incluindo-te)!
Bem, se o pai de Vanessa lhe bate ou lhe faz outra coisa obscena á mãe de Vanessa... Eu vou Insulta-lo. MUITO!
A história está fantástica, muito diferente das outras... mas como já disse, estou mortinha por que eles se conheçam! Beijo!
Quando vais postar?? *** CURIOSA
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